domingo, 14 de março de 2010

A real história 5


Contarei agora a parte crítica da história. Foi justamente na trilha dessa cachoeira, especificamente na volta que a grande briga aconteceu. A trilha não é tão simples assim e nada sinalizada, se você está sem guia e não sabe o caminho (tipo nosso caso é bem provável que irá se perder). Ao menos não é igual as que eu estou acostumada a fazer aqui em São Paulo. Não digo que seja uma trilha super difícil ou coisa parecida, claro que não é impossível, e a recompensa é alta, pois a cachoeira é linda e imponente. Todas as igrejas em estilo barroco e rococó que encontramos também são lindas e imponentes, mostram a força e poder da igreja. Mas NADA, absolutamente NA-DA pode se comparar com a sensação de inferioridade em relação à cachoeira de Tabuleiro.

Voltando da cachoeira, começamos a acelerar as passadas, pois começou a chover. As pedras estavam cada vez mais escorregadias, pois parte da trilha segue-se no leito do rio e tinha partes que era necessário sentar e descer, ou simplesmente escalar umas pedras. Como disse nada impossível, mas não faria “com o pé nas costas”. E foi exatamente nessa hora, quando saímos do leito do rio para voltar para trilha e passar a montanha que nos perdemos, ou seja, perdemos a entrada para a trilha entre o leito do rio e a trilha. PRONTO! Foi armada a confusão. Quando estávamos na poça da queda d água um casal apareceu. Nós os deixamos lá e seguimos de volta. Mas como estávamos perdidos e estava ficando tarde e chovendo, resolvemos voltar e pedir ajuda ao casal que tínhamos deixado para trás.

Só para piorar a história, eles também não sabiam a entrada da trilha, não éramos mais Renan e eu perdidos, éramos Renan, eu, o mineirinho e a carioca “mais perdidos que surdo em bingo”. Só uma observação, a carioca estava fazendo aquela trilha de chinelo. Essa tem uma sola de pneu de caminhão no pé, vai ver que é de tanto andar na areia fofa do Rio de Janeiro. Pé de paulista não suporta nem asfalto quente, imagine pedra pontiaguda em trilha (Ave Maria!). Nessa hora de desespero; desespero do Renan e meu na verdade, pois os outros dois estavam de boa, começamos a falar coisa que não devíamos.

O caso é o seguinte, se tu já está perdido, com chuva, pedras escorregando, com mais três pessoas que tampouco sabem o caminho de volta, e está ficando tarde, o que você faz? (Tempo para pensar...................) Resposta: CALA A BOCA. Não fale, pois a probabilidade de você falar besteira é de 101%. BATATA! Foi no que deu. O senhor Renan vem com uma pequena frase que não esqueço:

- E... Luciana SÓ você para colocar a gente nessa. Querendo economizar centavos para pegar um guia, viu no que dá?

Bastou isso para meu sangue SUBIR até a ponta da minha orelha, e eu sentir um calor mortal. Uma coisa que sinto quando estou prestes a explodir. Uma sensação quase prazerosa de tão dolorida que é. Então falei:

- Como assim minha culpa? Eu nem sabia que tinha guia, você veio me falar isso no meio da trilha, e a mulher que passamos na entrada não me falou nada. O fato de economizar fez com que eu planejasse essa viagem, assim não perdemos tempo para pechinchar preços em pousadas, além de ter todos os endereços em mão. O que fiz foi muito trabalhoso.

Renan:

-Você estava discutindo por causa de 50 centavos em Diamantina Luciana.

Luciana:

- Eu não estava discutindo por causa de 50 centavos em Diamantina, estava discutindo porque VOCÊ me manda fazer as contas de quanto VOCÊ deveria pagar. Eu sei o que EU devo pagar. E por você beber tantos 50 centavos em pinga não conseguia fazer a conta de quanto era sua parte. Sendo que você já me culpou por um erro anterior de AMBOS para chegar em Diamantina. E mais me parece que você não sabe, e nem tem nenhum interesse em aprender a usar um mapa.

E assim foi instaurada a guerra.

Renan foi seguindo a trilha bem a diante, eu por outro lado, mesmo estando logo atrás dele, resolvi esperar o casal “paz e amor”. Nisso sentamos, vimos à paisagem, conversamos, comemos chocolate que eles tinham levado, papeamos e voltamos a caminhar. Nesse ponto, pela velocidade que o Renan estava, ele já devia estar chegando à China.


Um comentário:

  1. Hum... Brigar com amigo já é péssimo. Agora, brigar com um amigo, único companheiro de viagem, perdida em uma trilha? Deve ser terrível.

    Mas confesso... Deu uma quê a mais nesta história!!!

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